Nizan Guanaes e Donata Meirelles são amplamente conhecidos, há décadas.

Enquanto ele faz parte da melhor linhagem de publicitários brasileiros, ela participa de boa parte da história da Moda, no Brasil.

Ambos sinalizam tendências em suas áreas, com imensa capacidade em manter a sintonia com seus públicos.

Nizan, além de baiano, atua numa agência cujo nome é África.

Donata, embora atue no segmento de luxo, sempre reverberou tendências de inclusão.

Por tudo isso, fiquei impressionado com a repercussão do episódio ocorrido em seu aniversário de 50 anos, comemorado semana passada em Salvador, e com a presença de gente famosa e atuante nos movimentos negros.

Negras vestidas como baianas faziam a recepção dos convidados e isso causou péssima impressão nas redes sociais.

Não quero me aprofundar nos desdobramentos do episódio, mas destacar a força das redes sociais na atualidade.

As imagens de sua festa de aniversário passaram a sensação de uma visão preconceituosa dos negros, como se reproduzisse a escravidão.

Uma cadeira estilo “sinhá” ao lado das negras serviçais denotou um cenário do “apartheid”.

Não era isso o que Donata queria passar.
Mas foi o que passou.

Na era das redes sociais, os fatos e versões se misturam de um jeito acelerado e intenso, produzindo novos fatos a partir das interações que ganham vida própria.

Sabemos que as pessoas leem cada vez menos, opinam cada vez mais, embasadas no que veem.

Isto nos traz grandes desafios à Comunicação.

Na era digital, o fato real perde espaço ao relato virtual.

Alguns séculos antes desse nosso mundo digital, Fernando Pessoa disse: “Pensar é estar doente dos olhos…”

Ele não deixa de ter razão, mas precisamos também resgatar Saramago que nos motiva a avançar um pouco mais… “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”.

Diretor de atendimento e planejamento da Fine Marketing, especialista em comunicação dirigida e varejo. Atua também como consultor em treinamento de equipes comerciais.