Confesso alguma felicidade quando a campainha tocou e vi o carteiro com um pacote enorme para ser entregue.
Ao abrir a porta e sorrir, constatei que o destinatário era o meu vizinho.
“O Sr. pode receber? Ninguém atende aqui ao lado…”
Fiz um sim moderado com o rosto, assinei o protocolo e coloquei o pacote na mesa.
Sou cliente desta empresa, há mais de dez anos. Nunca ganhei presente. Inveja.
Meu vizinho acabou de se mudar e já recebe esse pacote colorido e pesado… Ira.
Empresas têm o hábito de celebrar a chegada de novos clientes. Investem fortunas para atraí-los. Gula.
Na lua de mel, ligam, enviam e-mails, “welcome gifts” que não duram até o primeiro ano de relação.
E depois? Deixam-nos restritos aos serviços de atendimento. Um pecado isso.
Outro pecado cometido é a dificuldade em percorrer o ciclo de relacionamento, percebendo a evolução do cliente e reconhecendo a fidelidade. Preguiça.
Consumo algumas marcas, há mais de 30 anos. Será que elas sabem disso? Creio que não. Pecado mortal.
Vejo a propaganda destas marcas na TV; gente feliz prometendo maravilhas aos novos clientes que um dia, serão como eu, “pratas da casa”, que envelhecem e escurecem…
Precisamos reconhecer e recompensar nossos clientes tradicionais, aqueles que estão conosco, além do preço e da promoção. Formadores de opinião capazes de atrair novos clientes.
Não precisa ser um pacote grande e pesado. Pode ser algo mais simples, mais adequado às relações duradouras e longevas e capaz de manter a virtude da fidelidade.
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